O mundo é uma constante metamorfose, num tempo acelerado, em que as novas tendências correm e se propagam sobre rodas. Já não é necessário, contudo, ter pedalada para seguir os caminhos dos novos tempos. A questão da mobilidade é uma das grandes preocupações contemporâneas, aliada a uma crescente consciencialização coletiva relativamente à pegada ambiental. Tenta-se pôr um travão nos engarrafamentos rodoviários e dar luz verde a soluções inovadoras, onde a energia elétrica é propulsora de rumos mais sustentáveis.

O assunto é de importância capital, e Lisboa assiste, neste mês de outubro, à invasão de um batalhão de trotinetas elétricas, disponibilizadas através de um sistema de partilha, depois de o serviço se ter disseminado em várias cidades dos Estados Unidos, com a nova moda a propagar-se também pelo Velho Continente. A união faz a força de um meio de transporte urbano em que a diversão casa com a acessibilidade. Está pronto? É hora de colocar o capacete, pisar o acelerador, fintar o trânsito e estacionar nesta arrojada forma de deslocação urbana.

“É UMA FORMA DE DIVERSÃO E DE GANHAR TEMPO”


A capital portuguesa passa a contar com as frotas de duas operadoras especializadas nestes pequenos, dobráveis e portáteis veículos. A norte-americana Lime e a portuguesa Iomo concorrem num serviço de mobilidade partilhada, com trotinetas — há quem lhes chame scooters elétricas — espalhadas por vários pontos da cidade e munidas com sistema de geolocalização. Os utilizadores podem encontrá-las facilmente, através das respetivas aplicações disponíveis para smartphones, e depois deixá-las nos pontos assinalados. Basta navegar, efetuar o registo e começar a dar gás. Não precisa de qualquer licença, apenas de ter mais de 18 anos. De casa para o comboio. Do metro para o trabalho. Este é um meio de transporte ideal para curtas distâncias, servindo de complemento aos transportes públicos, inserindo-se num conceito designado por “last mile transportation”.


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As trotinetas da empresa portuguesa podem ser guiadas a um preço médio de 15 cêntimos por minuto, com 200 modelos Xiaomi M365 distribuídos por Lisboa, cidade aberta a uma prática ainda menina e moça. São ágeis e leves. Pesam 12 quilos e podem atingir uma velocidade máxima de 25 km/h, com autonomia para 30 quilómetros. “É uma forma de diversão e de ganhar tempo”, descreve Luís Reis, administrador e um dos três fundadores da Iomo, juntamente com Tiago Matos e o brasileiro Rafael Castro. “Usamos as trotinetas com frequência. O Rafael mora em Cascais. O que ele faz é ir de comboio até ao Cais do Sodré e depois faz o percurso até ao nosso escritório, em Marvila, de trotineta”, conta, ao Expresso, o empresário e engenheiro ambiental de 35 anos, para quem “o sharing é o futuro”.
Quem já teve a oportunidade de testar o serviço é Carlos Andrade. Mora em Alenquer, trabalha em Lisboa e sempre utilizou transportes públicos para se deslocar para o trabalho, até que, desde dezembro, se rendeu ao sistema partilhado de bicicletas. Durante uma semana, trocou a nave a pedal por uma trotineta elétrica, efetuando diariamente o percurso entre Picoas e Entrecampos. “A viagem é espetacular. É mais rápida do que de bicicleta”, assegura este gestor de clientes de 40 anos, que confessa ter adorado a experiência. “As pessoas ficam todas a olhar para mim, porque ainda não é muito comum”, acrescenta Carlos, para quem a aprendizagem foi “muito fácil” e demorou apenas “dois segundos”.

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A curiosidade aguça o engenho e se está a pensar adquirir uma trotinete elétrica, saiba que existem opções para todos os gostos e para todas as carteiras, desde módicas quantias até preços aparentemente exorbitantes. Tudo depende de si e da utilização que pretende. O Expresso leva-o numa odisseia por um autêntico mercado de variedades elétricas e eletrizantes para o espírito de aventura.
Um modelo da Xiaomi M365, o mesmo que todos os lisboetas poderão utilizar com o serviço da Iomo, pode ser obtido por um custo aproximado de 350 euros. Se prefere uma opção mais robusta, o peso na carteira dispara consideravelmente, como é disso exemplo a Beeper Road Scootcross V-mad, comercializada em Portugal por mais de €1000. Pesa 61 quilos, pode chegar aos 35 km/h, tem autonomia para 20 quilómetros e o tempo de recarga recomendável situa-se entre 5 a 8 horas de duração.
Prova de que a moda das trotinetas elétricas veio para ficar é a aposta de marcas de automóveis que começam a investir na produção destes finos e elegantes veículos de duas rodas. A construtora francesa Peugeot é pioneira ao desenvolver e comercializar o modelo Micro E-Kick, a partir de €1220. Pesada para o bolso, leve na balança, com apenas 8,5 quilos pode atingir uma velocidade de ponta de 25 km/h.
Uma pesquisa no mundo cibernético mostra-nos ofertas menos dispendiosas, como aqueles disponibilizados pela Razor. O modelo E3OO pode ser adquirido por €270, movido por um motor de 250 watts e equipado com uma bateria de 24V. Caso pretenda poupar ainda mais, a gama inclui também a versão E100, permitindo 40 minutos de uso contínuo, gastando apenas €150.
O universo dos pequenos, versáteis e futuristas dispositivos de mobilidade está em constante expansão. Segways, skates (hoverboards), bicicletas e até patins fazem parte deste big bang de dispositivos de mobilidade. Todos eles ganham uma nova vida, uma existência elétrica. São mais do que um passatempo. São sinais claros, sem fumos ou gases poluentes, do tempo a passar, numa viagem com luz verde para os avanços tecnológicos. E mais verde para o planeta.




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