Como
detetar o uso malicioso de vídeos e fotografias na Internet e, com
isso, combater as mensagens extremistas?
Em forma de competição, a
NATO Strategic Communications Centre of Excellence (NATO StratCom)
lançou o repto a especialistas em Informática e Sistemas
Inteligentes de todo o mundo. A solução da Universidade de Aveiro
(UA) foi uma das três escolhidas para ser apresentada na final do
concurso no Centro de Excelência de Comunicação Estratégicas da
NATO, em Riga (Letónia), que decorreu hoje, 10 de dezembro.
Numa
época em que as redes sociais são cada vez mais usadas para
difundir mensagens extremistas e onde fotografias e imagens são
manipuladas constantemente, a competição
lançada pela NATO StratCom desafiou investigadores de todo o mundo a
apresentarem soluções para combater uma realidade que a organização
considera ser “um risco claro para a segurança da Aliança
Atlântica”.
“O
objetivo da NATO é detetar conteúdo malicioso em vídeos e fotos
online. Esse conteúdo pode ir desde propaganda política extremista
até alterações ou descontextualização de imagens”, explica
Daniel Canedo que, a par de António Neves, José Luis Oliveira,
Alina Trifan e Ricardo Ribeiro, todos especialistas em Informática
do Instituto de Engenharia Eletrónica e Informática de Aveiro
(IEETA) da UA e do respetivo Departamento de Eletrónica,
Telecomunicações e Informática (DETI), assina o projeto com que a
equipa portuguesa pretende ajudar a NATO StratCom.
“O
universo online é muito sensível a este tipo de informação,
especialmente porque a faixa etária predominante na Internet é a
mais jovem”, aponta o investigador que, não tem dúvidas:
“Facilmente se consegue moldar uma mente jovem através da
Internet, e quem cria este conteúdo malicioso está bem ciente desse
fenómeno”. Portanto, “a NATO, por querer criar formas para
combater este problema, lançou o desafio à comunidade científica
com o objetivo de desenvolver sistemas capazes de detetar conteúdo
malicioso”.
A
ideia apresentada pela equipa da UA passa pelo desenvolvimento de um
sistema capaz de analisar imagens, sejam em formato vídeo, sejam em
fotografia, em três grandes dimensões. Em primeiro lugar o sistema
quer esmiuçar os objetos. Os investigadores propõem-se a que no
final da análise todos os objetos presentes nas imagens estejam
rastreados de forma a que sejam ou não identificados aqueles que
possam estar potencialmente ligados a grupos extremistas.
Em
segundo lugar, o dispositivo informático permitirá também concluir
se as imagens são originais ou se sofreram qualquer tipo de
manipulação. Por último, o ‘detetive’ da UA terá a capacidade
de analisar a informação extraída das imagens, enquadrada com as
eventuais mensagens que a possam acompanhar como posts ou comentários
a elas ligados nas redes sociais.
“Com
base na informação extraída das imagens e dos conteúdos textuais
dos posts que possam estar associados, o nosso sistema classificará
o risco dessa informação utilizando técnicas de mineração de
dados [exploração de grandes quantidades de dados em busca de
padrões consistentes] e classificadores [treino de algoritmos para
aprenderem padrões e fazerem previsões a partir de dados]”,
explica Daniel Canedo.
Segundo fonte oficial da Universidade de Aveiro, este projecto foi o grande vencedor do concurso StratCom! Os nossos parabéns a toda a equipa.
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